quinta-feira, 14 de abril de 2016

Trabalho sobre o gênero "Memórias Literárias"

 Esta atividade deverá ser feita em quatro etapas:
 
·        Etapa 1: Atividades em sala de aula: elaborando o roteiro da entrevista
 
1- Nossa escola está fazendo 60 anos. Aproveite este acontecimento e escolha uma pessoa mais velha para entrevistar que tenha estudado ou trabalhado nesta escola.
2- Para facilitar a conversa com o entrevistado, elabore um roteiro de perguntas que pode ser seguido  no momento da entrevista.
3- Lembre-se: as pessoas mais velhas sempre têm muitas coisas para contar e as memórias podem falar sobre vários aspectos.
 
4- Abaixo, temos algumas sugestões de perguntas para você fazer ao entrevistado que tenha estudado na nossa escola:
 
4.1- Dados pessoais:
     Nome completo da pessoa entrevistada - Idade - Profissão - Cidade natal (se não nasceu em Caxias do Sul, pergunte o que a motivou a morar nesta cidade).
 
4.2- Época de infância:
     Como foi sua infância? Que lembranças você guarda de seus pais? Dos irmãos? Dos amigos?  Dos brinquedos e  brincadeiras de infância?
 
4.3- Do Ensino Fundamental:
      Naquela época, como era a sua escola? Como era o ensino? Que lembranças você guarda dela? Que lembranças você guarda de seus colegas? E dos professores?  Qual foi o fato marcante/ pitoresco que ocorreu com você ou que tenha acontecido com algum colega na época da escola? (Podes narrar mais de um fato)
     
      Se o entrevistado trabalhou nesta escola, você pode utilizar as mesmas questões dos itens 4.1, 4.2, 4.4, porém altere as questões do item 4.3, conforme sugestão abaixo:

      Em que período você trabalhou na escola? Qual era a função que você exercia na época em que você trabalhava (ou caso ainda trabalhe) na escola? Como era o ensino naquela época? Quais foram as transformações mais significativas que a escola passou desde aquela época? Que lembranças você guarda de seus alunos? E dos colegas de trabalho?  Qual foi o fato marcante/ pitoresco que ocorreu com você ou que tenha acontecido com algum aluno ou colega no período em que você trabalhou na escola? (Podes narrar mais de um fato)
 
4.4- Questões complementares (opcionais) para qualquer dos entrevistados acima: Como era o modo de vida das pessoas? Como eram as festas? Que outros acontecimentos ficaram marcados na sua memória? Quais foram as transformações mais significativas que ocorreram na localidade onde você mora / trabalha (ou morava, caso não resida / trabalhe mais no mesmo local)?
 
·      Etapa 2: Atividade fora da escola: a entrevista.
 
5- No dia da entrevista, leve o roteiro com as questões selecionadas.
6- Anote ou grave o que o entrevistado contar.
7- Ao fazer as perguntas, fale devagar e com clareza.
8- Ouça com atenção o que a pessoa tem a dizer.
9- Caso não entenda algo, peça ao entrevistado, com gentileza, que repita o que disse ou que explique de outra forma.
10- Havendo oportunidade, faça outras perguntas, além das que estão no roteiro.
11- Depois de terminar a entrevista, mostre como foi importante a contribuição que ele deu.

·      Etapa 3: Passando a entrevista a limpo.
 
 12- Escreva em um ou dois parágrafos, uma apresentação do entrevistado, destacando nome, idade e adiantando algumas de suas características ou algo de sua biografia.
 13- Reproduza cada pergunta e a respectiva resposta; escreva o próprio nome diante das perguntas e do entrevistado diante das respostas.

·     Etapa 4: Retornando à sala de aula: editando o texto
 
14- Primeiramente, coloque-se no lugar do entrevistado para escrever suas memórias e narre o texto em 1ª pessoa.
15- Organize as informações mais interessantes da entrevista.
16- Transmita ao leitor não somente os acontecimentos, mas também as sensações e emoções que surgiram por meio de palavras.
 17- Não esqueça que a forma de descrever, com grandes detalhes, aproxima o leitor do acontecimento narrado.
18- Preserve o jeito particular da pessoa, aquilo que ela viveu.
19- Observe os sinais de pontuação usados, podendo, inclusive, inserindo diálogos e não esquecendo de utilizar o travessão para intercalar as explicações e falas.
21- Observe também como outros autores comparam o tempo antigo com o atual e, se for o caso, faça o mesmo.
22- Identifique palavras e expressões usadas para remeter ao passado, observando o uso do pretérito perfeito e do imperfeito e, até mesmo, do pretérito mais-que-perfeito.
 23- Dê à entrevista um título que desperte interesse dos leitores.
 



PARA VOCÊ SE INSPIRAR...

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Conheça mais um texto finalista de Memórias Literárias - Olimpíada de LP 2010 como exemplo: interessante e bem construído a partir de entrevista.

Da escuridão para o colorido

Aluna: Évelin Cristina Nascimento da Silva

           Tristeza! É o que sinto quando abro meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que não cessa. O único remédio é fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.
          Lembro-me como se fosse ontem: bem cedinho, o sol não havia nem acordado ainda, eu já estava na estrada da minha cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra, com uma brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz – pois nossa vida era difícil e papai só ganhava o suficiente para não morrermos de fome e frio. Enquanto caminhava, a poeira batia em meus olhos e os fazia ficar cheios d’água.
         
            Eu ia cantarolando que nem um sabiá até chegar à escola Barão de Santa Branca,
hoje bem conhecida na cidade e antigamente a única. Recordo-me de que lá havia um muro para meninos e meninas não ficarem misturados. Bobagem! Ai de nós se tentássemos olhar para elas... A régua cantava na palma de nossas mãos, parecia que os professores sentiam prazer em fazer isso, eram rígidos demais.
         Assim que saíamos da escola, eu e meus amigos íamos nadar atrás da fábrica de trigo, que hoje não existe mais – nem a fábrica, nem as águas limpas. Depois íamos jogar bola atrás do mercado municipal, onde hoje é o posto de saúde. Ficávamos parecendo tatus, a terra grudava nas roupas e na pele molhada. Depois disso dávamos mais um pulo na cachoeira, pois se chegássemos assim em casa a vara de amora era o presente para nossas pernas.
          O mais engraçado era ver d. Dolores dirigindo. Se surgia uma nuvem de poeira, podíamos ter a certeza de que era ela com seu Chevrolet. Afinal, era a única mulher de Santa Branca que dirigia.
          Não posso me esquecer dos cortejos: a cidade inteira seguindo um caixão, sem saber quem estava dentro. Havia uma banda que tocava para o defunto e ele tinha direito até a foto. Dá para acreditar nisso? Mamãe me dizia para não dar risadas, nem ir ver o rosto do morto, principalmente se fosse gente ruim, senão ele poderia voltar para assombrar. O sino da delegacia tocava pontualmente às 21 horas para todos se recolherem, era uma época bem perigosa. De noite a cidade era iluminada por lampião de querosene – isso a deixava mais sombria.
          Foi minha melhor época, mas hoje sou velho, e a cegueira tomou conta dos meus olhos.
          Tenho saudade do colorido que hoje só vejo em minha mente através das lembranças do passado.   Escuridão é o que eu vejo, mas jamais sairá de mim a magia de recordar.

               (Texto baseado na entrevista feita com o sr. Sarkis Ramos Alwan, 41 anos.) 

2 comentários:

  1. É indescritível a sensação de me deparar com uma publicação dessas, 6 anos depois da construção desse trabalho. Não me aguento de honra!Parabéns pelo blog, ele é sem dúvidas de conteúdo EXTREMAMENTE importante.Ler&Escrever são prazeres que todos nós devemos conhecer. Um beijo bem colorido! Évelin Nascimento

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